CNJ investiga juiz que prendeu mãe de vítima durante audiência: conduta questionável em foco

Relatório: Investigação Disciplinar sobre Comportamento do Juiz em Tribunal Penal de Cuiabá, Mato Grosso

No dia 29 de setembro, durante uma audiência no 12º Tribunal Penal de Cuiabá, Mato Grosso, o juiz Wladymir Perri prendeu a mãe de um jovem assassinado em 2016. Essa decisão inesperada ocorreu após a mulher expressar sua opinião contra o acusado. Em resposta a esse incidente, a Inspetoria do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) determinou a abertura de uma investigação disciplinar para analisar o comportamento do juiz.

O Ministro Corregedor Luís Felipe Salomão afirmou que é necessário examinar com cautela as ações do juiz durante essa audiência específica. A preocupação é se ele violou seus deveres como magistrado ao não garantir o bem-estar psicológico da testemunha, que era justamente a mãe da vítima. O Ministro Salomão ressaltou que o comportamento do juiz não apenas falhou em minimizar os danos sofridos pela testemunha, mas também intensificou o caos ao permitir que a situação se tornasse completamente descontrolada, resultando na prisão dessa mulher.

Além disso, Salomão destacou que o juiz agiu com “violência” em relação ao promotor encarregado do caso. Segundo ele, essa atitude pode indicar uma falta de cortesia para com os membros do Ministério Público ou até mesmo revelar sinais de misoginia em relação às mulheres ocupando cargos sem hierarquia funcional.

O incidente em questão ganhou atenção nas redes sociais duas semanas atrás, quando começaram a circular imagens da audiência. De acordo com a promotora Marcelle Rodrigues da Costa e Faria, tudo começou quando perguntaram à mãe se ela se sentia confortável em testemunhar diante do acusado. Após sua resposta, a defesa interveio e pediu respeito ao cliente. Em resposta, o juiz Perri começou a repreender a mãe. Ao final da audiência, enquanto se levantava, ela jogou uma xícara de plástico que tinha em mãos e dirigiu-se ao acusado dizendo: “Pode ter escapado da justiça dos homens, mas não escapará da justiça de Deus”. Foi nesse momento que ela foi presa.

Após esse incidente, a mulher ficou no tribunal por quatro horas após o término da sessão porque o juiz só registrou as atas no sistema às 20h. Posteriormente, ela foi levada para uma delegacia e prestou depoimento.

Essa investigação disciplinar visa analisar cuidadosamente as condutas do juiz durante essa audiência controversa. Ela levanta questões sobre como um magistrado deve garantir o bem-estar dos envolvidos no processo judicial e destaca a importância de manter uma postura respeitosa com os membros do Ministério Público durante os procedimentos legais.

É de extrema relevância que o CNJ investigue esse caso minuciosamente e tome as medidas adequadas para garantir um sistema judiciário justo e imparcial para todas as partes envolvidas.

Com informações do site CNJ – Conselho Nacional de Justiça.