Governo instala inteligência artificial no INSS, ignorando a necessidade de agências e servidores

No Brasil, 100 milhões de pessoas enfrentam dificuldades para utilizar canais digitais

No Brasil, aproximadamente 100 milhões de pessoas enfrentam dificuldades para utilizar canais digitais. Isso ocorre devido à falta de acesso à internet, falta de habilidades tecnológicas ou por outras razões, como idade avançada, analfabetismo ou desconhecimento na assinatura do próprio nome. Diante dessa realidade, essas pessoas dependem de atendimento presencial. Surpreendentemente, o governo não pretende abrir novas agências e contratar mais funcionários de imediato. Pelo contrário, o plano é expandir o uso de meios digitais e inteligência artificial.

Para que haja a possibilidade de contratação, é necessário que o Ministério da Gestão e Inovação (MGI) e o Ministério das Finanças aceitem a proposta aprovada pelo Conselho Nacional de Seguridade Social (CNPS) em 3 de agosto. Essa proposta prevê a contratação de 9.229 profissionais até 2024, sendo 7.655 para funcionários do Seguro Social e 1.574 médicos examinadores.

Enquanto isso, a fila para análise de pedidos relacionados à aposentadoria, pensões e outros direitos só cresce. De acordo com dados internos do governo, existem cerca de 7 milhões de casos pendentes. No entanto, somente 1,8 milhão foi divulgado oficialmente, mascarando a real magnitude do problema.

Vale ressaltar que além da implementação da inteligência artificial no sistema previdenciário brasileiro, o governo criou um programa para lidar com as filas utilizando os próprios funcionários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Entretanto, esse programa sobrecarrega os trabalhadores, oferecendo um bônus inferior ao pagamento de horas extras, desconsiderando as leis trabalhistas e colocando em risco a saúde dos servidores. No entanto, essa medida não resolve o problema e pode até mesmo piorá-lo em virtude do possível aumento de doenças.

É importante salientar que essa economia de recursos públicos parece estar alinhada às diretrizes do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que tem assessorado o governo desde antes da posse em janeiro deste ano. O objetivo principal do banco é garantir que os governos latino-americanos alcancem superávits primários em seus orçamentos, priorizando o pagamento da dívida pública aos bancos.

Moacir Lopes, diretor da Federação Nacional dos Trabalhadores do Seguro Social (Fenasps), expressou críticas ao uso de inteligência artificial nesse contexto. Para ele, essa medida poderia agravar o caos existente em vez de combatê-lo. Lopes também enfatizou que a expansão dos meios digitais exclui grande parte da população brasileira, uma vez que mais de 40 milhões de famílias não possuem acesso à internet, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Além disso, as condições precárias das 1.470 agências do INSS no país também representam um obstáculo para aqueles que precisam ser atendidos pessoalmente. Lopes denunciou a proliferação massiva dos serviços digitais pelo governo como forma de minimizar as inevitáveis filas existentes nos órgãos públicos. Ele também destacou que o governo tem manipulado as informações para criar a ilusão de uma situação menos caótica do que a real.

Com informações do site sindsprev/rj.