INSS: Robô já decide quase metade dos pedidos de aposentadoria

Um sistema automatizado implementado pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) tem sido responsável por aprovar 40% dos pedidos de aposentadoria entre fevereiro e maio deste ano. No entanto, especialistas alertam para os questionamentos gerados pelo uso da tecnologia, uma vez que há um aumento significativo nos recursos solicitados para revisão das decisões negativas.

O processo de automação no INSS teve início em 2017 com a implantação do aplicativo Central de Serviços, posteriormente substituído pelo MeuINSS, que agora se tornou a principal forma de atendimento aos cidadãos. Os pedidos de aposentadoria só podem ser feitos por meio desses aplicativos ou do site oficial do INSS.

Ailton Nunes, diretor de tecnologia da informação do instituto, ressalta que antes era necessário analisar documentos físicos para verificar as informações e cada etapa dos pedidos era realizada por sistemas distintos. Agora, essas plataformas foram integradas e o número individual do contribuinte (CPF) é usado como chave mestra para coletar informações fiscais. Com isso, o sistema automatizado dispensa a análise humana dos documentos e pode processar as solicitações em segundos, desde que os dados e os períodos de contribuição atendam aos requisitos legais.

No entanto, especialistas apontam que essa tecnologia rejeita solicitações quando faltam documentos necessários e não considera o alto índice de analfabetismo digital entre os idosos, o que dificulta a busca de assistência presencial para esclarecer dúvidas.

Devido ao fato de apenas solicitações com dados perfeitos serem aceitas, o número de recursos contra as decisões do INSS tem aumentado. Estima-se que 1,7 milhão de pessoas estejam aguardando a concessão de benefícios de aposentadoria, enquanto 7,6 milhões de tarefas estão pendentes de análise.

De acordo com o próprio INSS, o sistema automatizado mantém as taxas históricas de aprovação e concede metade dos pedidos iniciais. No entanto, Adriana Abramante, presidente do Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário (IBDP), argumenta que antes de negar os benefícios, o sistema deveria identificar erros no processo, solicitar correções aos beneficiários e encaminhar os pedidos para análise humana. Ela afirma que cerca de 20% a 30% dos pedidos negados poderiam ser corrigidos se revisados por um humano. Além disso, alguns registros dos beneficiários ainda não estão digitalizados ou sequer constam nos sistemas.

Outra crítica está relacionada à falta de pessoal no INSS. Apesar dos investimentos em tecnologia, o órgão enfrenta uma escassez de funcionários desde 2015 quando previa-se que metade da equipe estaria apta a se aposentar até meados de 2019. Esse processo está ocorrendo gradualmente. O próprio Instituto reconhece que a automação é uma ajuda importante, mas destaca que ainda é fundamental contratar mais funcionários.

“A tecnologia está aqui para simplificar o processo, mas ainda precisamos de pessoas. Queremos que a automação cuide das tarefas simples, enquanto assuntos mais complexos sejam analisados pelos funcionários”, destaca Ailton Nunes.

O analfabetismo digital é outro desafio enfrentado pelo INSS. Com a migração dos pedidos de aposentadoria para o MeuINSS, as agências agora só atendem mediante agendamento e realizam avaliações. Além disso, os cidadãos precisam digitalizar e enviar arquivos em formato PDF. No entanto, muitas vezes, o grupo de pessoas que busca benefícios não tem conhecimento suficiente para utilizar essas tecnologias, dificultando o acesso aos serviços.

Em suma, a adoção do sistema automatizado pelo INSS trouxe benefícios como a rapidez no processamento dos pedidos de aposentadoria. No entanto, também gerou preocupações relacionadas à documentação exigida, ao analfabetismo digital e à falta de pessoal.falta de recursos para revisão das decisões negativas. Confira os principais pontos da notícia na tabela abaixo:

Relatório: Desafios da Tecnologia Automatizada no Sistema de Seguridade Social do Brasil
40% dos pedidos de aposentadoria foram aprovados pelo sistema automatizado do INSS
Aumento significativo nos recursos solicitados para revisão das decisões negativas
Implantação do aplicativo MeuINSS como principal forma de atendimento
Sistema automatizado dispensa análise humana dos documentos e processa solicitações em segundos
Tecnologia rejeita solicitações quando faltam documentos necessários e não considera analfabetismo digital entre idosos
Número de recursos contra decisões do INSS tem aumentado
1,7 milhão de pessoas aguardam concessão de benefícios de aposentadoria
7,6 milhões de tarefas pendentes de análise
Sistema automatizado concede metade dos pedidos iniciais, mas poderia corrigir 20% a 30% dos pedidos negados se revisados por um humano
Falta de pessoal no INSS desde 2015
Analfabetismo digital dificulta acesso aos serviços do INSS

Com informações do site Olhar Digital.

Categorizado em: