40% das aposentadorias no Brasil já são decididas por robôs no INSS

O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) está adotando uma abordagem inovadora para otimizar suas operações. Por meio da implementação de um autômato responsável pela tomada de decisões relacionadas a benefícios como aposentadorias, pensões e subsídios, o INSS conseguiu agilizar o processo de análise. Nos últimos meses, esse autômato foi responsável por 40% das aprovações desses benefícios.

Essa automatização tem gerado debates acalorados entre especialistas e observadores do sistema de seguridade social. Os defensores dessa mudança argumentam que o uso do autômato permite uma análise mais rápida e eficiente das solicitações, o que é crucial para reduzir as longas filas de espera enfrentadas pelos solicitantes. Além disso, a automação visa minimizar erros humanos ao estabelecer um processo mais padronizado e preciso.

No entanto, críticos têm levantado preocupações significativas. Uma delas é a negação automática de solicitações por falta de documentos necessários. Enquanto o INSS afirma que essa taxa se mantém em 50%, especialistas destacam que o sistema pode não levar em consideração fatores como altos índices de analfabetismo digital entre idosos, dificultando o acesso a benefícios para certos grupos.

Outra preocupação está relacionada à falta de assistência presencial adequada para esclarecer dúvidas. Com a perda de mais da metade dos funcionários do INSS nos últimos anos e a falta de especialistas, fornecer suporte direto aos solicitantes tem se mostrado um desafio, deixando muitos sem orientação durante um processo complexo.

Essa trajetória em direção à automatização teve início em 2017 com o lançamento do aplicativo Central de Serviços, que evoluiu para o MeuINSS, tornando-se o principal canal para solicitações de aposentadoria. Essa transformação visava centralizar as informações dos contribuintes utilizando o CPF como identificador único, eliminando a necessidade de processos manuais fragmentados.

No entanto, o sistema automatizado só concede benefícios quando não há inconsistências no Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS), que inclui detalhes como datas corretas de empregos anteriores e salários de contribuição inseridos corretamente. É necessário registrar os vínculos trabalhistas com precisão para evitar negações indevidas.

Especialistas, como Adriana Abramante, presidente do Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário (IBDP), argumentam que uma abordagem mais flexível seria mais justa. Ela sugere que o sistema permita uma fase de correção antes de negar automaticamente o benefício, encaminhando casos complexos para análise humana.

Apesar das controvérsias, o INSS afirma que o autômato mantém a taxa histórica de aprovação e concede metade das solicitações iniciais. A instituição reconhece a necessidade constante de melhorias e evolução diante das mudanças tecnológicas. A transição para a automatização visa equilibrar eficiência e acessibilidade ao mesmo tempo em que enfrenta os desafios que surgem no caminho.

Um dos impactos diretos da falta de pessoal é a dificuldade enfrentada pelos idosos. Com as solicitações de aposentadoria agora sendo feitas através do MeuINSS, via aplicativo ou site, as agências estão dedicadas a esclarecer dúvidas mediante agendamento prévio e realizar exames médicos quando necessário.

O requisito de apresentar documentos fisicamente nas agências foi substituído pela necessidade de digitalizá-los e armazená-los em formato PDF. Porém, pessoas que buscam benefícios frequentemente enfrentam problemas com o analfabetismo digital, falta de acesso a computadores ou smartphones. Além disso, para marcar um agendamento, apenas ligações telefônicas fixas são aceitas, o que complica a vida daqueles sem acesso a uma linha telefônica. Isso tem gerado críticas e comentários negativos por parte de especialistas como Adriana Bramante do IBDP, que considera essa realidade desconectada.

Resumo da Notícia
O INSS está implementando um autômato para otimizar suas operações relacionadas a benefícios como aposentadorias, pensões e subsídios.
O autômato é responsável por 40% das aprovações desses benefícios nos últimos meses, visando agilizar o processo de análise.
Defensores argumentam que a automação reduz as filas de espera e minimiza erros humanos, enquanto críticos levantam preocupações sobre negações automáticas e falta de assistência presencial adequada.
A trajetória em direção à automatização começou em 2017 com o lançamento do aplicativo MeuINSS, que centraliza as informações dos contribuintes.
Especialistas sugerem uma abordagem mais flexível, permitindo uma fase de correção antes de negar automaticamente o benefício.
O INSS afirma que o autômato mantém a taxa histórica de aprovação e reconhece a necessidade constante de melhorias.
A falta de pessoal tem impactado negativamente os idosos, que enfrentam dificuldades com o analfabetismo digital e falta de acesso a computadores ou smartphones.

Com informações do site Mundo Conectado.

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