No Brasil, excesso de oferta de eletricidade afeta consumidores do mercado cativo
No dia 26 de março, durante o workshop “Desafios-chave para o novo modelo do setor elétrico”, promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), Nelson Fonseca, diretor executivo do Conselho Mundial de Energia e professor da PUC-MG, alertou para um excesso de oferta de eletricidade no Brasil que tem afetado os consumidores do mercado cativo. Esse cenário ocorre devido aos contratos de energia realizados pelas distribuidoras para garantir o suprimento do país.
O atual modelo institucional do setor elétrico estabelece que as distribuidoras adquiram energia para atender à demanda presente e futura por meio de leilões regulados pelo governo, antecipando-se cinco anos. No entanto, elas não têm como estimar a quantidade de consumidores que migrarão para o mercado livre ou para a geração distribuída nos próximos anos.
Com a migração dos clientes e a expansão da geração distribuída, as cargas das distribuidoras diminuíram, resultando em contratos de energia em excesso. Essa energia excedente precisa ser liquidada no mercado nesse momento em que os preços são baixos. As distribuidoras, que compraram essa energia a um preço mais alto, agora precisam vendê-la com uma desvalorização significativa.
O modelo permite que as perdas decorrentes desse excesso involuntário dos contratos sejam repassadas para as tarifas dos consumidores cativos na próxima revisão tarifária. Isso implica um aumento nas tarifas desses consumidores, à medida que seu número diminui.
Uma solução proposta por Nelson Fonseca é o aproveitamento desse excesso de energia na produção de hidrogênio verde. Essa forma de armazenamento envolve a obtenção do hidrogênio por meio da eletrólise da água, utilizando energia proveniente de fontes renováveis, como solar e eólica. Atualmente, a produção de hidrogênio é majoritariamente feita a partir de combustíveis fósseis, gerando altas emissões de CO².
O hidrogênio verde apresenta baixo impacto ambiental, pois suas emissões de CO² são consideravelmente reduzidas. Embora ainda não seja totalmente livre de emissões, principalmente na produção dos eletrólitos necessários, o uso desse tipo de hidrogênio contribuiria para a demanda e reduziria os problemas causados pelo excesso de energia no setor elétrico.
Portanto, apesar do cenário de excesso na oferta de eletricidade, os consumidores finais enfrentam um aumento nas tarifas em consequência das perdas das distribuidoras. Uma solução viável seria investir na produção de hidrogênio verde para aproveitar esse excedente e reduzir o impacto ambiental associado à energia fóssil.
Resumo da Notícia |
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No workshop “Desafios-chave para o novo modelo do setor elétrico”, Nelson Fonseca alertou para o excesso de oferta de eletricidade no Brasil. |
A migração dos clientes e a expansão da geração distribuída resultaram em contratos de energia em excesso. |
As distribuidoras precisam vender essa energia com uma desvalorização significativa, o que pode levar ao aumento das tarifas dos consumidores cativos. |
Uma solução proposta é o aproveitamento desse excesso na produção de hidrogênio verde, reduzindo o impacto ambiental associado à energia fóssil. |
Com informações do site Brasil 61.