Em Minas Gerais, um estado brasileiro conhecido por suas ricas tradições culturais, o Governo Estadual lançou um projeto de preservação dos congados e reinados, práticas que fazem parte do patrimônio imaterial afro-brasileiro. A iniciativa, coordenada pela Secretaria de Cultura e Turismo desde julho, busca promover eventos, formar redes de apoio e aumentar a visibilidade dessas expressões culturais. A cidade de Juiz de Fora destaca-se como um dos locais onde essas tradições estavam em declínio, mas agora recebem especial atenção para que não caiam no esquecimento.

Os reinados e congados são manifestações centenárias que representam a história e a fé do povo negro escravizado em Minas Gerais. Com raízes africanas e elementos de sincretismo religioso, esses rituais homenageiam santos como São Benedito e Nossa Senhora do Rosário, tendo reis e rainhas como figuras centrais na organização das festividades. Por vezes esses papéis são transmitidos como legado familiar ou comunitário entre as irmandades.

A relevância dessas práticas foi evidenciada em um estudo sobre a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário em Juiz de Fora, realizado pelo historiador Renato Balbino. Sua pesquisa mostrou uma continuidade das celebrações entre 1893 e 1901, com eventos servindo não apenas como expressões religiosas mas também como meio de financiamento para a construção da igreja local pela comunidade negra.

No entanto, no início do século XX, uma movimentação conhecida como “Romanização” procurou reformar práticas religiosas na Igreja Católica, afetando diretamente as irmandades leigas e reduzindo sua autonomia. Esse fenômeno teve impactos significativos na preservação das manifestações culturais negras em Juiz de Fora, levando ao declínio das festividades e contribuindo para o esquecimento dessas tradições pelas novas gerações.

O esforço atual do Governo Estadual é uma tentativa de reverter esse processo de apagamento histórico-cultural. As iniciativas visam garantir que o legado cultural das congadas e reinados não apenas sobreviva mas também continue a ser um marco identitário da região mineira. O projeto tem sido fundamental para revitalizar tais costumes, promovendo um reconhecimento mais amplo dessas práticas dentro dos contextos históricos e sociais brasileiros.

EventoDetalhesImpacto
Início do projeto de preservaçãoGoverno de Minas Gerais promove a preservação dos congados e reinados via Secretaria de Cultura e Turismo.Estímulo à continuidade e visibilidade das tradições afro-brasileiras.
Catalogação de práticas culturaisLevantamento de irmãos devotos e práticas em localidades mineiras, foco em áreas de declínio cultural.Preservação da história e fé do povo negro escravizado em MG.
Estudo históricoHistoriador Renato Balbino documenta festividades ininterruptas de 1893 a 1901 em Juiz de Fora.Revelação da importância cultural e financeira das celebrações para a comunidade negra.
Desafios históricos“Romanização” da Igreja Católica afetou autonomia das irmandades leigas e práticas culturais.Declínio e “apagamento” histórico das manifestações culturais negras.
Importância da iniciativa governamentalProteção e promoção das tradições culturais como parte da identidade regional e patrimônio imaterial.Conscientização e valorização das raízes culturais afro-mineiras.

Com informações do site Tribuna de Minas.

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