Justiça de transição: Brasil é o país que menos julgou crimes da Ditadura
No presente relatório, abordaremos a questão da justiça de transição no Brasil e em outros países da América do Sul que enfrentaram ditaduras militares na década de 1970.
O Brasil é destacado como sendo o país que menos processou os crimes cometidos durante esse período sombrio de sua história.
Em contraste, a Argentina é mencionada como um exemplo positivo de justiça de transição. Após a democratização do país em 1983, foi estabelecida a Comissão Nacional sobre o Desaparecimento de Pessoas (CONADEP), responsável por investigar as violações aos direitos humanos ocorridas durante os anos de ditadura. Essa comissão resultou em diversas condenações, incluindo a do general Jorge Rafael Videla, ex-presidente da Argentina.
Segundo a historiadora Marina Franco, a Argentina teve condições políticas propícias para promover a justiça transicional. As Forças Armadas foram derrotadas politicamente e o país enfrentava crises econômicas e militares significativas, como resultado da fracassada Guerra das Malvinas.
No Brasil, apenas em 2011 foi instituída a Comissão Nacional da Verdade para investigar os crimes cometidos durante o regime militar. Seu relatório final, em 2014, identificou 377 pessoas como responsáveis por graves violações dos direitos humanos. No entanto, a lei de anistia promulgada em 1979 ainda está em vigor no país e impede que civis e militares envolvidos nesses crimes sejam processados.
Embora tenha havido uma condenação em 2021 – um delegado aposentado foi responsabilizado pelo sequestro de uma pessoa nos anos 70 – essa decisão foi posteriormente revogada em 2022 com base na prescrição do caso.
A historiadora Marina Franco destaca a ausência de políticas estatais no Brasil como um fator fundamental para entender a falta de justiça em relação aos crimes da ditadura. Ela afirma que políticas estatais voltadas para a memória, justiça e educação sobre ditaduras têm o potencial de gerar transformação social.
Diante desse panorama, fica evidente a diferença entre os caminhos adotados pela Argentina e pelo Brasil para lidar com as consequências das ditaduras militares. Enquanto a Argentina buscou enfrentar os crimes cometidos e promover justiça, o Brasil ainda enfrenta desafios nesse sentido, especialmente devido à vigência da lei de anistia e à ausência de políticas públicas efetivas.
É fundamental refletir sobre como essas escolhas impactam o presente e futuro desses países, bem como o processo de cicatrização das feridas causadas por esses regimes autoritários. A busca pela verdade, justiça e memória é essencial para garantir que abusos semelhantes não se repitam no futuro.
Notícia | Destaque |
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Países abordados | Brasil e Argentina |
Justiça de transição | Argentina se destaca, Brasil enfrenta desafios |
Comissão Nacional sobre o Desaparecimento de Pessoas (CONADEP) | Estabelecida na Argentina após a democratização |
Condenações | Argentina condenou diversos responsáveis, Brasil teve apenas uma condenação revogada |
Lei de anistia | Em vigor no Brasil, impede processamento de envolvidos nos crimes |
Ausência de políticas estatais | Brasil não possui políticas efetivas para lidar com crimes da ditadura |
Impacto presente e futuro | Escolhas afetam cicatrização das feridas e prevenção de abusos futuros |
Com informações do site G1.